O nível de impacto humano em cada região foi medido utilizando o Indicador da Pegada Ecológica – (crédito: Vinícius Mendonça/Ibama)
Pesquisa revela aquilo que os especialistas chamam, em inglês, de dark diversity, que em português poderia ser denominado “diversidade faltante”
O fato das ações humanas gerarem consequências para os ecossistemas, afetando a biodiversidade, já é conhecido pela ciência. Porém, um estudo feito em 119 regiões ao redor do mundo vai além e mostra como o planeta está perdendo não somente as espécies que estavam ali antes, mas também as que potencialmente poderiam estar na área, podendo, dessa forma, afetar a regeneração natural.
A pesquisa publicada nesta quarta-feira (2/4), na revista Nature, revela aquilo que os especialistas chamam, em inglês, de dark diversity, que em português poderia ser denominado “diversidade faltante”.
“Em cada lugar, pesquisadores locais registraram todas as espécies de plantas e identificaram a diversidade faltante, isto é, as espécies nativas que poderiam viver ali, mas estavam ausentes. Isso nos permitiu compreender o potencial da diversidade vegetal no lugar e também medir o impacto das atividades humanas sobre a vegetação natural”, explica Alessandra Fidelis, professora do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista.
O nível de impacto humano em cada região foi medido utilizando o Indicador da Pegada Ecológica, que inclui fatores como densidade populacional humana, mudanças no uso da terra (como urbanização e agricultura) e infraestrutura (estradas e ferrovias).
O estudo constatou que a diversidade de plantas em um local é negativamente influenciada pelo nível da “pegada ecológica”. Quanto maior o índice, menor a diversidade. Além disso, a influência humana pode estender-se por centenas de quilômetros ao redor do ponto em que ocorre.
“Esse resultado é alarmante, porque mostra que as perturbações humanas têm um impacto muito mais amplo do que se pensava, alcançando até mesmo reservas naturais. Poluição, desmatamento, descarte de lixo, pisoteio e incêndios causados por humanos podem excluir plantas de seus hábitats e impedir a recolonização. Também descobrimos que a influência negativa da atividade humana era menos pronunciada quando ao menos um terço da região ao redor permanecia intacto, o que reforça a meta global de proteger 30% do território terrestre até 2030”, destaca o professor Meelis Pärtel.
Mais de 200 pesquisadores, membros da colaboração internacional DarkDivNet, participaram do estudo. A pesquisa foi coordenada pelo professor Meelis Pärtel, do Instituto de Ecologia e Ciências da Terra da Universidade de Tartu, na Estônia. E teve a participação de Alessandra Fidelis e Mariana Dairel, entre outros brasileiros.
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Fonte: Correio Braziliense